Diferenciação Celular e Cancro
As células de um organismo, que resultam das divisões mitóticas sucessivas do ovo, caso não tenha ocorrido nenhum erro, possuem exatamente o mesmo número de cromossomas com cópias idênticas de DNA. Durante o desenvolvimento de um indivíduo, as células apesar de serem geneticamente iguais, vão sofrendo um processo de diferenciação celular, que consiste na especialização destas mesmas células, no sentido de desempenharem uma determinada função, para isso, estas tornam-se morfologicamente diferentes. A diferenciação celular permite a expressão de determinados genes e a inativação de outros. Calcula-se que cada célula diferenciada possua apenas 5% a 10% do DNA ativo, no momento da transcrição ou da tradução. O outro DNA considera-se assim que está simplesmente "adormecido".
As células, conforme os tecidos, tornam-se assim especializadas no desempenho de uma determinada função.
O processo de compromisso celular pode ser dividido em dois estágios. O primeiro é uma fase instável chamado de especificação. O destino da célula ou tecido é considerado especificado quando este é capaz de se diferenciar autonomamente em ambiente neutro (o ambiente é neutro em relação à via de desenvolvimento), como uma placa de Petri ou um tubo de ensaio. E ainda nesse estágio, o compromisso pode ser revertido. O segundo estágio de compromisso é a determinação. Uma célula ou tecido pode ser chamada de determinada quando é capaz de se diferenciar autonomamente mesmo quando é colocado em outra região do embrião. Se for capaz de diferenciar de acordo com o destino original, mesmo sob essas circunstâncias, pode-se assumir que o compromisso é irreversível.
O cancro da mama, tal como qualquer outro cancro, ocorre devido a uma interação entre fatores ambientais e um hospedeiro geneticamente predisposto. O cancro da mama é uma disfunção celular em que as células epiteliais crescem e se multiplicam de forma desordenada. Enquanto que as células normais são capazes de controlar a sua multiplicação, de se unir a outras células e de permanecer no devido local nos tecidos, as células cancerígenas não têm mecanismos que impeçam a sua multiplicação, não precisam de se unir a outras células para sobreviver e invadem os tecidos próximos. As células normais suicidam-se quando já não são necessárias. Até chegar o momento certo, esta morte programada é impedida por vários tipos de proteínas e vias metabólicas. Ocasionalmente, os genes que codificam as proteínas destas vias protetoras podem sofrer mutações, o que faz com que estas proteínas alteradas tornem a célula resistente aos estímulos para cometer suicídio. Estas mutações podem levar ao cancro.